sexta-feira, 2 de março de 2018

Os pronomes de tratamento e a igualdade eclesial

Denise Alves
02/03/2018

A Suécia desde 1960 usa um único pronome de tratamento VOCÊ. Ninguém mais é identificado por senhor, excelência, doutor e correlatos tão conhecidos nossos. A justificativa: somos iguais.
Ninguém deve ser mais respeitado do que outro por causa de um título, por ser um 'Doutor' ou uma suposta 'Excelência'. Pode não parecer muito, mas mudar o modo como percebemos o Outro, ao tratá-lo simplesmente como um VOCÊ igual em dignidade a MIM, muda toda uma mentalidade baseada em inconsciente desejo de superioridade.
Isso me lembra um outro texto: “Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens. Eles fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes bem longas, e como gostam de tomar os principais lugares nos banquetes e os assentos mais importantes na sinagoga! Como apreciam a consideração que se presta a eles nas praças ao serem chamados de 'mestres'!!!” (Mt. 23.5-7)
Jesus estava falando dos fariseus mas poderíamos muito bem aplicar tal texto a senadores, juízes, presidentes, pastores e bispos. Esse é o modo como funciona no sistema Mundo contestado por Jesus, o sistema que valoriza o cargo à pessoa, que diferencia, segrega e exclui. Se somos de fato seus discípulos - e também porque não temos gerência sobre outros espaços -, porque não abolir tal comportamento ao menos no nosso Sistema Igreja?
Se um país declaradamente ateu pôde fazer isso ao reconhecer à dignidade humana inerente a todo Homo Sapiens, porque é tão difícil para a igreja, reconhecer o Outro como filhos do mesmo Pai, e abolindo todo os demais pronomes de tratamento, nos chamarmos simplesmente de Irmãos?
Será que o desconforto que tal ideia provoca em nós não acaba por revelar o quanto do sistema mundo ainda está arraigado nas nossas concepções e percepções do Outro, totalmente dissociadas do Livro que dizemos ser nossa regra de fé e prática?
Pensemos!

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